Por Cesar Furtado de Carvalho Bullara
Prof. de Comportamento Humano nas Organizações
ISE – Instituto Superior da Empresa
e-mail: cesarbullara@ise.org.br
O que distingue se o trabalho é para nós uma paixão ou um vício, se somos worklovers ou workaholics, são os motivos pelos quais trabalhamos. Ser workaholic ou worklover influi na maneira pela qual executamos o próprio trabalho e como nos relacionamos com as pessoas dentro e fora da organização.
Nesse sentido, vale a pena lembrar que as políticas de recursos humanos praticadas numa organização têm um papel fundamental. Fomentam a sinergia e o comprometimento através de uma exigência sadia por resultados ou estimulam condutas individualistas onde o que importa é o cumprimento de metas e objetivos pessoais. As políticas de avaliação e remuneração jogam aqui um papel decisivo: são indutores de conduta. O fenômeno workaholic tem uma maior incidência em organizações que possuem uma cultura extremamente competitiva; não é algo que está ligado somente a um determinado tipo de pessoa ou temperamento.
Do ponto de vista individual, podemos dizer que o trabalho é para nós uma paixão quando não é uma atividade polarizadora e exclusiva. Se, pelo contrário, é algo totalmente absorvente, adquire os contornos de um vício que leva à dependência.
O workaholic possui alguns traços bem marcantes: é alguém voltado a resultados e pouco sensível às necessidades das pessoas; estas sempre serão para ele um meio para alcançar suas metas. Nunca poderá ser um líder no sentido pleno da palavra porque faltam-lhe as características fundamentais da liderança: autoconhecimento, autogoverno e capacidade de formar pessoas.
A falta de conhecimento próprio está relacionada com a sua incapacidade de perceber que o trabalho não é o único âmbito da sua vida. Apresenta um forte desequilíbrio entre o lado profissional, super-desenvolvido e o pessoal, frequentemente esquecido. Como conseqüência de uma afetividade pouco desenvolvida, não possui o necessário autoconhecimento que é o ponto de partida para o autogoverno e o desenvolvimento de competências. Falta-lhe inteligência emocional, que nada mais é do que ordenar a cabeça e o coração. Nunca poderá ser um líder completo se não for capaz de liderar-se e, justamente por isso, nunca será eficaz quando se trata de formar e desenvolver pessoas.
Já o worklover, ao trabalhar por paixão e não por impulso, possui uma maior sensibilidade a pessoas. É capaz de motivá-las, fazendo com que sejam seus eficazes colaboradores, porque entusiasma e transmite confiança. Estes dois estímulos são os motores do comprometimento.
O worklover é alguém que adora o que faz e sabe equacionar o seu tempo tendo em conta todas as suas obrigações como chefe, subordinado, como membro de uma família etc. Possui um equilíbrio interior que o coloca em condições de desenvolver suas atribuições de um modo muito mais eficiente.
A diferença entre o workaholic e o worklover é a medida da sua ambição. No primeiro, a ambição é tudo; para o segundo, está a serviço da sua felicidade.