quarta-feira, 10 de abril de 2013

A LIDERANÇA: UM ATRIBUTO AO ALCANCE DA MÃO?


Por 
Cesar Furtado de Carvalho Bullara

Prof. de Comportamento Humano nas Organizações
ISE – Instituto Superior da Empresa
e-mail: cesarbullara@ise.org.br


A liderança muitas vezes é vista como uma aura que acompanha algumas poucas pessoas escolhidas, uma qualidade inata, e portanto, uma característica quase genética. Por exemplo, é muito comum atribuirmos ao líder qualidades que estão diretamente ligadas à obtenção das metas e objetivos de um grupo ou de uma organização.
No entanto, não é verdade que tendemos a pensar na liderança como um atributo de pessoas especiais, e que estão como que colocadas a parte do resto da humanidade?



Santiago Alvarez de Mon, prof. do IESE Business School, oferece-nos uma ajuda bastante valiosa ao abordar este tema. Num dos seus mais recentes livros, El mito del líder, afirma, dentre outras coisas, que a liderança tem a ver com a capacidade de cada um de nós de sermos melhores, e não apenas com uma característica inata.

Quando pensamos nas características de um líder, imediatamente nos vem à cabeça a sua facilidade de comunicação e o seu poder de convencimento e de arrastar multidões. Evidentemente que para muitos de nós, cidadãos comuns, tal fato nunca se realizará. Isto não quer dizer que a liderança seja um dom distribuído entre poucos!

É bem verdade que existem pessoas com uma forte vocação de liderança, porém, na maior parte dos casos, alguns destes aspectos podem ser desenvolvidos e aprimorados por todos nós. Trata-se de crescer em conhecimento próprio, de crescer em humanidade. Ainda que exista um componente temperamental inato que facilite o seu exercício, também é verdade que todos podemos, através do desenvolvimento das nossas qualidades pessoais, tornar-nos líderes em alguns aspectos. O líder não é somente aquele que realiza grandes feitos ou aquele que é capaz de tirar a empresa de uma situação difícil. Em todas as organizações, contamos com muitos líderes escondidos e desconhecidos. Pessoas que nem sequer chegam perto do brilho da fama: homens e mulheres comuns que, além de realizarem com competência profissional o seu trabalho, ganham o respeito e a admiração de colegas e subordinados devido àquilo que são, às suas qualidades humanas. Eis aqui o algo a mais de toda liderança. Aliás, na nova era do conhecimento, serão as habilidades individuais que farão a diferença, e não somente o brilhantismo da alta direção da empresa.

Outra característica marcante de qualquer líder: uma personalidade bem definida. Este é um campo no qual todos, sem exceção, podemos trabalhar! Na realidade, todo o processo de desenvolvimento de competências – algo tão difundido atualmente - deve estar centrado, como ponto de partida principal, no conhecimento próprio. O que é desenvolver competências senão adquirir novas atitudes, conhecimentos e novos modos de pensar? Pois bem, e como descobrir o que devemos ser se nem sabemos aquilo que somos?

Auto-conhecimento, determinação de fortalezas e deficiências. Este é o primeiro passo para a formação e o desenvolvimento de lideranças.

Sendo um exercício que pode ser praticado por todos, está ao alcance da mão. O resultado final de todo este processo dependerá de dois fatores: um bom coaching e os nossos próprios talentos pessoais. Um coaching bem feito e conduzido é uma das ajudas mais importantes que recebemos; sua finalidade é a de acompanhar-nos ao longo do trabalhoso caminho do conhecimento próprio, dando-nos sugestões valiosas de pontos a melhorar e qualidades a desenvolver. O segundo fator - nossos próprios talentos - diz respeito ao potencial de crescimento que possuímos, e que se manifestará, em maior ou menor medida, em termos de aptidões para as mais variadas tarefas: posições de comando, funções estratégicas ou atividades que requerem grande criatividade e flexibilidade, funções de rotina ou acompanhamento.

Sejam quais forem os nossos talentos naturais, todos podemos ser líderes naquilo que fazemos. Basta que para isto procuremos sair da nossa zona de conforto pessoal e nos decidamos a trilhar a, às vezes dolorosa, via do aprendizado e do aperfeiçoamento pessoal e profissional. Este é o caminho que todo líder necessariamente deve percorrer para obter as qualidades técnicas e humanas requeridas para o bom exercício das suas funções.