quinta-feira, 15 de agosto de 2013

O RH NA VISÃO DOS CEOs

Presidentes da Hypermarcas e da OrbiSat falam sobre o que esperam do RH de suas empresas


Em pouco mais de 30 anos de carreira, Maurício Aveiro já passou por situações delicadas, como a integração de um time de vários profissionais com diversas nacionalidades e culturas diferentes, demissões em massa, ou mesmo a busca de um líder que pudesse sucedê-lo na organização em que trabalhava. “Em todas as etapas da minha vida profissional, me deparei com grandes desafios e os mais complexos, sem dúvida, eram os relacionados aos recursos humanos”, afirma o executivo hoje à frente da OrbiSat, fabricante de equipamentos de sensoriamento remoto e de radares de vigilância. “Para mim, RH não é apoio, nem staff. É parte essencial do negócio. O profissional à frente dessa área tem que saber quais são os próximos lançamentos da companhia; quais são as metas de venda, qual é o plano de marketing”, acrescenta Nicolas Fischer, presidente da divisão de consumo da Hypermarcas. Os dois CEOs participaram na semana passada do painel executivo do curso de curta duração do ISE Business School, “RH Estratégico – a Direção de Recursos Humanos Voltada para o Negócio.  
Hoje, disse Aveiro, a companhia que preside está em um novo patamar, e os desafios da área de RH só aumentam a cada dia. “Estamos dobrando de tamanho a cada dois anos e é o RH quem vai nos dizer como suprir essa nova demanda por mão de obra”, disse ele acrescentando que cabe ao RH minimizar os riscos das escolhas desses novos profissionais. “É uma responsabilidade enorme porque demanda tempo na seleção, tempo de treinamento e tempo de adaptação. E pode ser que, ao final desse longo processo, a empresa ou o colaborador selecionado, não se adaptem um ao outro.” 

Planejamento de longo prazo
Já o presidente da divisão de consumo da Hypermarcas perguntou a uma plateia atenta porque ninguém se espanta quando se pergunta pelo planejamento de longo prazo de um departamento de vendas, ou de marketing. “Mas as pessoas fazem ar de espanto quando pergunto qual é o planejamento do RH para os próximos cinco anos da companhia”. Se a meta da empresa é o crescimento, e sempre é, nada mais natural do que pensar em quantas pessoas, e com qual perfil, serão necessárias quando a empresa alcançar o patamar estipulado. Em outras palavras, exatamente a situação pela qual passa a companhia de Maurício Aveiro. “Missão todas as empresas têm – e têm que ter. Mas o que precisamos é de versatilidade e pragmatismo”, disse Fischer.
Os palestrantes também lembraram os aspectos pessoais dos funcionários que compõem uma organização empresarial. “O tempo inteiro as pessoas e as empresas estão em processo de mudança e em busca de crescimento. A empresa espera que seu colaborador se comprometa com essa meta, ao passo que o funcionário espera que a companhia seja sensível ao equilíbrio pessoal – composto por trabalho, família, amigos, seu papel de cidadão e, porque não dizer, suas crenças religiosas”. E Aveiro não escapou quando os alunos quiseram saber como ele próprio, sendo CEO de uma grande empresa, mantém a vida pessoal equilibrada com as demandas profissionais. “Na empresa, temos um plano de ação por meio do qual você se compromete a alcançar determinadas metas. É um plano individual. Pois eu levei o PA para minha vida pessoal. Uma das minhas metas, por exemplo, é jantar com a família todas as noites. Algumas metas são negociáveis, outras não, e eu tenho tentado cumprir as que assumi com a família”. 

Responsabilidade e Riscos 
Nicolas Fischer abordou ainda alguns temas que segundo ele, pela cultura brasileira, são considerados delicados: “Brasileiro nunca diz não. É uma característica”, afirmou o executivo acrescentando que não haveria problemas se, dentro de uma organização, esse traço que nos é particular, não causasse frustrações em expectativas alimentadas durante anos. “Ninguém tem coragem de dizer que aquele funcionário não tem potencial para ser gerente ou para ser diretor. E essa falta de direcionamento faz com que se perca tempo, dos dois lados”. Para o executivo, que por mais de uma década comandou a Beiersdorf – dona da marca Nivea – planejamento de carreira e transparência na comunicação com as pessoas, podem fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma organização.
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