Com participação de Sérgio Herz e Matinas
Suzuki, o debate moderado pelo Prof. Paulo Ferreira teve a experiência do
consumidor como um dos principais tópicos.
As perspectivas do mercado editorial brasileiro foram um dos assuntos discutidos durante o evento Estratégia de Crescimento: da definição à implementação, realizado no dia 26 de junho, no auditório da Livraria Cultura, em São Paulo. O encontro integra o programa de continuidade para Antigos Alunos (Alumni) ISE e IESE Business School Brasil, cujo principal objetivo é estreitar os laços entre os executivos participantes e a instituição de ensino.
Também presente ao encontro, Matinas Suzuki, diretor executivo da Companhia das Letras, lembrou que o crescimento da indústria editorial brasileira está intrinsecamente ligado aos investimentos realizados na área da educação. Nesse sentido, ressaltou que a política de compras de livros didáticos por parte do governo federal tem sido determinante para o desenvolvimento do setor livreiro no Brasil. “O governo brasileiro é um dos maiores compradores do mundo e as pequenas editoras têm sido um dos segmentos fortemente beneficiadas por essas aquisições”, frisou.
Livros eletrônicos
Segundo Suzuki, um dos questionamentos feitos pelo governo nessa área é a adoção ou não de um programa que contemple o livro didático eletrônico. Ele ressalta que a opção pelo livro digital redundaria em redução significativa de custos para o governo.
No caso da Livraria Cultura, os eBooks correspondem a 3,7% do faturamento. No primeiro semestre do ano, as vendas de livros eletrônicos cresceram cerca de 400% em comparação aos seis primeiros meses de 2012. Em igual período de análise, os negócios registrados no segmento de livros impressos registraram uma alta de 12%.
Segundo Herz, o comportamento do mercado de livros digitais brasileiro é um dos fatores que deverão determinar a abertura ou não de novas lojas. Embora tenha se mostrado cauteloso ao falar sobre os projetos de expansão, ele reconheceu que há espaço para novas lojas físicas no País. A empresa, fundada em 1947, possui 17 lojas pelo Brasil. No ano passado, iniciou seu processo de profissionalização. Como resultado, o número de diretores passou de três em 2012 para sete neste ano. “O conceito de negócio de livraria sempre foi muito romântico”, ressaltou Herz ao abordar o novo modelo de gestão e a utilização de ferramentas de inteligência de preços, que inclui, por exemplo, descontos sobre o preço de capa dos livros.
Além do segmento de livros eletrônicos, a decisão de expansão da Livraria Cultura leva em conta ainda a análise de outras variáveis, como custos de ocupação e de mão de obra, entre outros.
Já Paulo Ferreira, Dean do ISE Business School, falou sobre a experiência do consumidor na livraria e levantou a seguinte questão: O que explica a presença das pessoas na loja mesmo com a comodidade proporcionada pela aquisição de livros pela internet?
O que se constata é que as livrarias passaram a ser um importante espaço de entretenimento. Nesse sentido, a Livraria Cultura transformou-se em um tradicional ponto de encontro de intelectuais e leitores, bem como palco de atividades infantis, sessões de autógrafos, cinema, cursos, espetáculos, exposições, música e palestras em todas as cidades nas quais está presente.