Professor do Departamento de Direção Geral
O
dilema entre competência e colaboração na vida das empresas não é somente uma
questão acadêmica, mas também um real divisor de águas quando se trata de
eficiência – compreendida como a ação adequada à técnica de execução - e de
eficácia – gerada pela ação que atinge os resultados esperados.
A empresa moderna atua com base na eficácia fundamentada em competência e poder. A evolução pós-moderna enfatiza os critérios operacionais em colaboração e serviço.
Esta
mudança no pensamento empresarial provoca um real confronto de ideias entre os
valores dominantes – poder e competência – e os valores emergentes –
colaboração e serviço.
Pode-se
constatar de maneira prática que as relações humanas na vida diária das
empresas tendem a se desumanizar, quando baseadas nos valores dominantes. No
entanto, estes valores são inevitáveis nas empresas para que possam continuar a
existir, pois “sem competência os mercados seriam ineficientes e se
paralisariam” Prof Carlos Llano – 2001, Metamorfosis de las Empresas, Ediciones
Granica/IPADE.
O
grande desafio que se apresenta à gestão moderna está na sua capacidade de
estabelecer uma complementaridade entre estes dois aspectos. Falamos aqui de
estratégias conflitantes que precisam coexistir em harmonia.
Caso
não haja uma cultura desenvolvida na direção da colaboração, quando falamos de
trabalho em equipe, solidariedade profissional, valorização das pessoas na vida
das empresas e clima interno, nós estaremos em realidade apenas pregando o que
não praticamos.
Como
podemos esperar uma ação empresarial dedicada ao serviço no atendimento das
necessidades de seus clientes, se o comportamento esperado internamente está
totalmente dirigido à competência e ao poder? A prática interna irá se traduzir
também nas relações externas com o mercado e a sociedade.
O
processo de colaboração leva à integração das pessoas com os objetivos comuns
de maneira coletiva e em busca de resultados, sempre guiados pela gestão,
responsável por alcançar a eficiência.
Quando
se propõe esta forma de dirigir, é importante ressaltar que a empresa tem
finalidades para sua forma de agir, que vão muito além dos resultados.
Uma
maneira de definir as finalidades de uma organização resulta em quatro pontos:
1. Prestar serviço à sociedade; 2. Gerar valor econômico e distribuir para
aqueles que o geram; 3. Desenvolver as pessoas que participam da ação da
empresa; 4. Produzir por ela mesma a energia requerida para o seu crescimento e
continuidade. A ação empresarial deve sempre levar em conta estes aspectos
simultaneamente. Caso contrário, é muito provável que a empresa não chegue à
sua finalidade completa.
Qual
é o milagre? Uma visão integrada da ação da liderança com o fim último mais
abrangente terá como resultado ampla participação dos envolvidos nas suas
atividades, gerando uma atmosfera de desafio e alinhamento com todos aqueles
que participam nas suas ações. Claro está que isto terá
como consequência melhores resultados e o respeito da sociedade à atividade
empresarial.