Por Cesar Furtado de Carvalho Bullara
Prof. de Comportamento Humano nas Organizações
ISE – Instituto Superior da Empresa
e-mail: cesarbullara@ise.org.br
Na primeira fase do trabalho, foram selecionados 700 CEO’s de empresas sediadas nos Estados Unidos, pedindo que colaborassem listando no máximo 5 empresas que, na sua opinião, atendiam a estas características.
A fim de evitar que a personalidade de um único líder fosse o elemento responsável pelo sucesso dessa ou daquela empresa, optaram também por depurar os dados obtidos trabalhando com companhias que tivessem sido fundadas antes de 1950; o resultado final foi uma lista de 18 empresas. Iniciou-se então uma segunda etapa, na qual examinou-se a história de cada uma delas em comparação com a trajetória das empresas número 2 de cada setor. A pergunta básica subjacente era: o que distinguia um grupo do outro?
Após um exame atento, verificou-se que um dos fatores distintivos de todas elas se concretizava em possuir um forte sistema de crenças e valores. Também foi constatado que a busca da maximização da riqueza do acionista ou a maximização do lucro não eram as forças dominantes ou os objetivos primários na história de muitas dessas empresas. Todas elas perseguiam um conjunto de objetivos, dentre os quais o de ganhar dinheiro era um deles, mas não necessariamente o principal. As empresas líderes possuíam um conjunto de crenças que transcendia as considerações puramente econômicas: este era o seu verdadeiro diferencial.
Essas conclusões, tiradas a partir do estudo da realidade empresarial norte-americana, corroboram o conceito de liderança transcendente desenvolvido na década de 60 por Juan Antonio Pérez López, professor do IESE Business School. De acordo com ele, a liderança transcendente se baseia em valores como confiança, integridade e justiça, e portanto diz respeito a um nível de motivações humanas mais profundo.
A liderança transcendente será sempre o resultado de determinadas práticas que não visam somente à retribuição financeira por metas alcançadas ou à utilização e ao desenvolvimento dos talentos individuais ou do grupo para a consecução de determinados objetivos. A liderança exercida pelo líder transcendente também não se baseia no poder do cargo ou apenas no seu saber técnico, apóia-se sobretudo na sua autoridade moral. Este seria o divisor de águas entre um chefe e um líder. Enquanto o primeiro se vale do poder do cargo, que caracteriza o conceito clássico de “potestas”, o segundo se caracteriza por utilizar a “auctoritas”.
Ao atuar baseando-se na autoridade moral, o líder transcendente consegue resultados de uma forma muito mais eficaz porque conta com liderados que não somente confiam nas suas habilidades e capacidades técnicas, mas também nas suas intenções. Desse modo, gera-se um vínculo de lealdade e identificação entre líder e liderados que se torna a base fundamental das suas relações, alavancando os padrões de excelência e produtividade na empresa.