Bate Papo Acadêmico com Prof. Cesar Bullara - Departamento: Gestão de Pessoas - que responde as seguintes perguntas:
Confira as respostas do professor neste artigo e envie sugestões de perguntas para o próximo Bate Papo Acadêmico para contato@ise.org.br - boa leitura!
Ao longo de sua vida profissional, é possível ser um bom líder possuindo apenas uma das motivações?
- Ao longo de sua vida profissional, é possível ser um bom líder possuindo apenas uma das motivações?
- E é comum a falta de motivação transcendente nos dias de hoje?
- A intensidade destas motivações altera-se ao longo da carreira do executivo?
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Ao longo de sua vida profissional, é possível ser um bom líder possuindo apenas uma das motivações?
Diria
que é possível ocupar posições de liderança possuindo um perfil motivacional
desbalanceado. Aliás, é o que mais encontramos. No entanto, ser um bom líder
diz respeito a um equilíbrio entre as três motivações. Neste caso, dá-se por
suposto que as motivações extrínsecas e intrínsecas são a condição necessária,
mas não suficiente para o exercício da liderança. Se a motivação transcendente
não estiver presente, podemos dizer que faltará ao líder o seu ponto de apoio
fundamental.
E é comum a
falta de motivação transcendente nos dias de hoje?
Lamentavelmente,
temos muitos exemplos atuais sobre executivos que, ocupando posições de
comando, não estiveram à altura das circunstâncias porque lhes faltava
envergadura moral.
A
falta de motivação transcendente impede que vejamos as dimensões mais profundas
do exercício da liderança. Por melhor e muito capaz que seja um executivo,
sempre será um manipulador, se despreza a dimensão humana dentro da
organização.
Há
empresas que toleram e até incentivam este perfil manipulador. No entanto, a
realidade mostra que tem dado frutos bastante amargos.
A intensidade
destas motivações altera-se ao longo da carreira do executivo?
Consideradas as três motivações (extrínsecas, intrínsecas e
transcendentes), é possível verificar a existência de uma variação de
intensidade e, portanto, do peso relativo que possuem para cada pessoa. Profissionais
em início de carreira apresentam, quase que em pé de igualdade, uma grande
preocupação por remuneração/reconhecimento (motivações extrínsecas) e por
aprendizado/desenvolvimento (motivações intrínsecas). Notamos que o peso
relativo das motivações transcendentes vai-se acrescentando e tornando
necessário na medida em que o profissional é exposto a situações nas quais o
trabalho individual vai dando lugar às necessidades do trabalho em equipe. E
isso acontece quando passa a liderar pessoas. Ao mesmo tempo, à medida que sua
carreira entra numa nova fase, novos matizes podem se somar à sua visão do
trabalho e da organização.
A realidade nos mostra que a simples mudança de papéis de
responsabilidade não é suficiente para transformar o perfil de motivações de um
executivo. Isso nos leva a ressaltar que, mesmo que existam pessoas com
habilidades naturais para a liderança, sempre será necessário um trabalho de
desenvolvimento individual. Do contrário, pode ocorrer algo muito comum nas
organizações: executivos que na realidade não se preocupam com seus
colaboradores, fazendo uso de seus conhecimentos e competências com grande
habilidade a fim de obter seus próprios resultados. Trata-se de um perfil de
liderança muito comum: o líder manipulador.
Portanto,
ainda que a carreira de um profissional passe por diferentes fases e etapas,
este simples fato não será o único elemento a influir substancialmente na
mudança do seu perfil motivacional. Neste caso, a ajuda de executivos
experientes e com alto grau de motivações transcendentes também é de grande
importância. Esta é a principal dificuldade, encontrar executivos que sejam
líderes transcendentes.